Originalidade de um
ilustrador
O ilustrador e o artista leitor André Neves chama adultos e
também crianças às suas obras literárias. Desenhadas com traços de
sensibilidade e de amor, Neves cria páginas e mais páginas de fantasia
colorida, que aguça a imaginação de qualquer pessoa. O ilustrador, que
palestrou na ESPM-Sul no dia 14 de maio de 2014, debateu com os alunos de
design as técnicas exigidas por esse profissional.
Por ter uma mãe-professora em casa quando era criança, André Neves pôde crescer
com livros espalhados ao redor do seu lar e ouvir frequentemente narrações de
histórias na hora de dormir. Isso foi fundamental para a formação do ilustrador
como leitor, e isso o ajudou no momento que se tornou um artista. Eu
adormecia escutando a palavra, a sonoridade do que ela – a mãe – estava
lendo. E a sorte de ter uma mãe professora, que trazia livros da
biblioteca da escola e os deixava espalhados pela casa, provocando interesse,
gosto pela leitura, lembra André. Mas é verdade que a sua paixão
verdadeira é o desenho.
Segundo Neves, a imagem é de suma importância em um livro infantil e
infanto-juvenil, pois ela tem tudo o que um texto trás, só que não tem dentro
dela a palavra; assim como a palavra tem a essência do escritor, o quadro tem a
essência do pintor: É preciso entender e respeitar a manifestação, a
sensação que o artista está provocando em você, diz o ilustrador. É
através da construção da imagem que a criança pode entender melhor a história e
se maravilhar com os desenhos, que não são rabiscos, mas obras de arte.
E para André Neves, as ilustrações o ajudam na forma de escrever e a contar as
histórias. Quando começa a desenhar, não sabe como a história vai se
desenrolar. É puro instinto e improvisação. Ainda, o artista leitor afirmou
que, quando compõe e escreve um livro, não pensa nas crianças, mas sim na
própria infância. Neves complementa: Ao criar, às vezes penso na minha
própria infância, em coisas que, ao ler, iriam me divertir, ou ainda em coisas
que eu iria gostar de ver em um livro, uma imagem delicada, que desperte afeto.
Nos livros do ilustrador, a imagem visual faz a narração da história, e esse
desenho está diretamente ligado com o afeto da infância. Essas imagens
despertam a memória, as lembranças de criança e o carinho.
Há 16 anos André Neves iniciou os seus estudos de artes plásticas com a
professora Dina – mulher que influenciou a personagem Dona Sofia – e, a partir
dessas aulas, começou a se desenvolver como ilustrador. André faz os desenhos
nos seus próprios livros, e também cria imagens em livros de outros escritores.
Em 2013, ele teve a oportunidade de ilustrar o livro italiano Fábulas do
México (I Sogni del Serpente Piumat)da editora Franco Cosimo
Panini. E, em paralelo com esses trabalhos, Neves promove palestras e oficinas
sobre literatura infantil e infanto-juvenil. Ainda, esse autor-leitor se tornou
renomado no mercado de ilustrações, e foi vencedor de prêmios, como Prêmio Luíz
Jardim (melhor imagem), Prêmio Jabuti, O Sul – correios e telégrafos e, enfim,
o Prêmio Açorianos (melhor ilustração).